O seu nome é Bryan mas já é mais conhecido como BLKMRKT.
Algures, nos arredores de Paris, cria conteúdos para o mundo digital, principalmente em formato vídeo, sobre viagens e motos.
Quando não está a trabalhar em projectos, Bryan passa a maior parte do seu tempo a preparar e a traçar roteiros de moto por todo o mundo.
“Eu sou apenas um eterno garoto que brinca com estes brinquedos e com os seus amigos. Os vídeos são lembranças do que faço, para não esquecer como a vida pode ser bonita e não tão séria quanto querem que acreditemos. Não precisamos de muito para viajar, para divertirmo-nos e descobrir o que de mais bonito temos à nossa disposição: o planeta terra.”
Há viagens com que sonhou durante anos. A Islândia, é um desses casos. É aqui que ele encontra o seu equilíbrio diário, pois mesmo que não esteja sempre na estrada, está a sua mente.
Na companhia de Clément & Alexis, dois dos seus fiéis amigos de viagem, partem de Paris para o norte da Dinamarca: 36 horas sem dormir e 1430 quilómetros depois é hora de embarcar. É oficial – estão a caminho da Islândia!
Seyðisfjörður, o ponto de partida da aventura!
“A névoa sobe, estamos no convés para admirar os primeiros fiordes do leste da ilha. Logo a partir deste primeiro momento, percebemos que se trata de um lugar sagrado. Seguimos em direcção ao porão do barco. Vestimos o equipamento e montamos nas motos. É com entusiasmo que aguardamos que as portas se abram. Em poucos segundos, a aventura começa!”
Askja e os primeiros trilhos islandeses!
Após os primeiros 60 km em asfalto na Ring Road, surgem as primeiras paisagens absolutamente belas que este lugar oferece, e colocam-se em fila, prontos para atacar a terra!
“De repente, a paisagem muda de terras verdes para uma majestosa paisagem lunar. É simplesmente incrível, não existem mais cores ao nosso redor. Apenas o cinza domina …o piso rapidamente nos lembra que devemos manter-nos focados. Alexis perde a traseira e cai o que lhe vale, um pouco de dor na mão esquerda … espero que não seja grave.”
A terra é feita principalmente de areia de lava, por isso é necessário prestar atenção a certas seções onde ela se acumula… por vezes, escondendo grandes rochas.
Os primeiros fracassos!
Algumas horas depois, encontram o SUV de um casal, enterrado. Prontamente prestam uma mão amiga. Mas quando regressam às motos, a África Twin de Bryan não pega. Estão a 200 km da estrada pavimentada e localidade mais próximas. O suficiente para dizer que estão por conta própria.
Depois de uma rápida limpeza, começam a desmontar a moto… É diagnosticado um problema na bomba de combustível.
Um fogão de campismo, uma chave de fenda e uma pequena lata serão suficientes para inventar um ferro de solda eficiente o suficiente para consertar a bomba.
Durante o verão, a noite nunca cai na Islândia. Perde-se toda a noção do tempo. Ainda mal haviam consertado a moto de Bryan quando percebem que o problema da bomba de combustível havia-se replicado na moto de Clément. São 3 horas da manhã, e decidem por ali ficar. Montam as tendas e vão para a cama. O objectivo do dia não foi claramente alcançado, mas tentarão recuperar o atraso no dia seguinte.
Um novo dia começa, finalmente chegam a Askja e seu maciço vulcânico.
Uma caminhada nas caldeiras, um mergulho na cratera Viti, em seguida, preparam-se para atacar os 90 quilómetros da F88, tudo em off-road, uma pura diversão!
Pelo caminho, cruzam diferentes vaus, onde os níveis de profundidade podem variar bastante, dependendo do derretimento da neve. Deve sempre dedicar-se tempo a sondá-los antes da decisão de os cruzar.
Após dois dias fora de estrada, estão de regresso à Ring Road – um trajecto que apenas deveria ter levado um dia. Apesar do atraso, estão satisfeitos.
Islândia e os seus caprichos meteóricos
Os dias continuam e o céu não pára de lhes “cair” na cabeça.
Tiram tempo para relaxar um pouco na lagoa azul Myvatn, que consiste numas fontes termais com água até 41 °c em algumas zonas!
Além disso, um inesperado encontro com curiosos cavalos, traz um pouco de doçura à viagem. Um momento muito bom que lhes ficará gravado na memória.
Chegam agora ao leste da ilha, onde está Snaefellsjokull, um vulcão extinto, sob um incrível pôr-do-sol.
A F338, ou a impressão de deixar o planeta terra.
Depois de um reabastecimento, numa das estações de serviço mais bonitas do mundo, é hora de voltar à rota.
Dica: sigam na F338 para chegar à cidade de Geysir, onde podem admirar os famosos gêiseres.
A F338 é certamente uma das faixas mais bonitas em que se pode ter a oportunidade de conduzir, um puro prazer! Entre os cruzamentos de pequenos seixos, o terreno montanhoso, ou os diferentes saltos e superfícies escorregadias, tudo parece surreal – uma paisagem apocalíptica.
“Quando disse que tivemos a impressão de ter deixado o planeta terra, este é claramente o caso. É como estar em Marte. Uma vez que se desliga a moto, é um silêncio mortal que reina na imensidão. O espaço em que evoluímos é difícil de quantificar, vemos o fim do nada. Paradoxalmente, temos a sensação de sufocar nesta imensidão. Ao longe, podemos ver um mar de gelo. Eu nunca tinha visto nada assim.”
É mais de 1 hora pela manhã, e eles devem absolutamente deixar esta zona, pois não é possível acampar ali. Chegam a mais um vau, que terão que atravessar.
“Com pressa, e sem realmente ter certezas, estou convencido de que estamos no caminho certo. Infelizmente, caio com a moto no meio do vau. O motor começa a sufocar. Recorro à pouca força que me resta para tentar manter a moto com o mínimo contacto de água, enquanto espero que os meus companheiros venham em meu auxílio. São 3 horas da manhã, agora, já são mais de 16 horas que rolamos seguido e é oficial: o meu motor afogou-se! É hora de tirar o kit de ferramentas …”
Poucas horas depois, 3 litros de água fora do bloco do motor e alguns conselhos do seu amigo Jérôme da Outback Motors Coignères, a moto pega finalmente!
“É bom ouvi-la funcionar de novo! Confesso que fui pessimista. Continuámos ainda mais 9 horas de viagem. Contudo, aquelas muitas horas sem dormir e de condução acabariam por levar a melhor. Rendemo-nos e voltámos para o lado de Geysir, para montar as tendas!”
Reykjavik, a capital da Islândia e Landmannalaugar!
Depois de uma boa noite de descanso e cem quilómetros, chegam à capital da Islândia: Reykjavik! Esta é a primeira vez que reencontram a civilização desde a sua partida. A paragem num restaurante é obrigatória! Passam dias que não comem uma boa refeição o que já começa a criar-lhes dificuldades.
Dirijem-se para Landmannalaugar e a chuva está de volta.
Ela terá umedecido a terra, apenas o suficiente para limitar a projecção de poeira, sempre menos agradável para quem rola atrás. Mais uma excelente secção off-road. Que bela maneira de se divertirem, estes trilhos de moto!
Então, com mais uma dúzia de vaus para atravessar, tudo, novamente, num cenário indescritível!
Um desses vaus iria fazê-los perder cerca de 3 horas para atravessá-lo. Depois de muito sondar, chegariam à conclusão que era demasiado profundo para atravessar de moto. Clément contudo acabaria por encontrar uma alternativa: um seixo ao longo do rio. Nada fácil de atravessar! Mas bastante mais razoável que o rio.
O sol está de volta! A luz é tão forte que até sabe bem. Aproveitam a oportunidade para tentar aquecer um pouco. Alexis e Bryan não se sentem particularmente bem. Deixaram de sentir as pernas e os pés. Isso deve-se ao fato de que terem passado o seixo e parte do vau a pé. A água gelada cobriu-os até aos quadris e a temperatura não excede os 5 graus. Dá para imaginar o sentimento. Por isso, aproveitam esta aberta no tempo para se aquecerem, antes de voltarem às motos e deixar Landmannalaugar, em direcção a Vik.
Os dias seguintes seriam difíceis, devido às fortes chuvas. Esperando uma boa janela climática para atacar novo território.
O fato de nunca estar escuro na Islândia no verão é uma grande vantagem. Isso permite lidar com o tempo como bem se entende, minimizando o risco de dirigir à noite devido à falta de visibilidade.
Dica: dirija-se à praia de Solheimasandur para ver a carcaça do avião, que caiu na praia.
Ninguém sabe ao certo por que razão o avião caiu, existindo várias teorias sobre o acidente. Independentemente disso, pouco importa pois ninguém ficou ferido!
O Laki
Mal haviam começado a cruzar a área de Laki, e Bryan tem que parar. Está sem travões na roda de trás. Vêem-se obrigados a diminuir um pouco o ritmo, por segurança, de modo a antecipar as possíveis armadilhas no trilho.
Chegam ao topo de um dos vulcões que compõem o Laki. Apesar do vento forte, aproveitam para contemplar esta incrível vista panorâmica, que deixa qualquer um sem palavras.
“Eu preparei esta viagem durante meses, então eu sabia o que esperar. Mas apesar disso, a surpresa é total. Desfrutamos estes trilhos, a irreal paleta de cores, depois vem a chegada de um novo vau. A falta de luminosidade engana-nos, não distinguimos o fundo. A fim de evitar qualquer problema semelhante ao afogamento anterior da minha Africa Twin, decidi abordar este vau sem calças! Eu não quero ficar encharcado novamente.”
Esta será a última trilha off-road, por isso aproveitam ao máximo!
Cruzam-se com algumas ovelhas selvagens, e logo de seguida, mais dois vaus. Outra pausa: para aproveitar uma vez mais o silêncio perdido nesta imensidão.
No entanto, a alegria seria curta, lembram-se do problema anterior? Onde Bryan pensava ter um problema com os travões na roda de trás… na verdade, a preocupação não era apenas o freio, mas sim o rolamento da roda traseira. Foi à vida! O eixo a bater no cubo… pode-se imaginar os danos e o barulho em andamento!
Com apenas a faltar um dia antes do Ferry de volta a casa e ainda com 500 quilómetros pela frente até Seyðisfjörður, eles tinham que achar uma solução. Perceberam então que, ao rolar a 100 km / h, a moto vibrava menos e a roda permanecia recta. Alexis passou a andar atrás de Bryan, de modo a ir verificando regularmente se a situação não piorava.
Após uma visita ao lago glacial Jökulsárlón, a noite cai. Nota-se apenas porque o tempo está mais nublado do que o habitual.
Tomam então a decisão de não parar até Seydisfordur, por causa do problema da roda traseira.
Passariam a noite a rolar. O frio, a chuva, o nevoeiro… nada estava a jogar a favor! O que traria uma nova alternativa à equação: uma última seção off-road que permitiria ganhar cerca de 100 quilómetros na rota. No entanto, sem grandes informações quanto à sua composição, apenas aquilo que conseguiam observar através das aplicações de satélite. Finalmente tomam a decisão de não ir por essa secção. Mais 100 quilómetros, muito ruim.
Atravessam Hornafjordur, onde testemunhariam um dos mais suntuosos nascer do sol à beira-mar.
Enquanto algumas partes da estrada tocam a costa, há muito que a fadiga já lhes subiu à cabeça. Num acesso de loucura, até inconsciência, decidem acelerar o ritmo, apesar do problema da roda traseira.
“Deixo-me levar tanto que tenho a agradável sensação de ser passageiro da minha própria moto.”
As horas passam, e acabam por chegar a Seyðisfjörður, onde tudo começou.
Aliviados, felizes e tristes ao mesmo tempo, chegam ao final desta incrível aventura. A Islândia não os poupou, mas a amizade que os une, a cumplicidade e a determinação permitiram superá-la.
Na realidade, aconteceu um novo incidente com eles após apanharem o ferry de volta …algo impensável; problemas demais!
Mas para descobrirem, convidamos-vos a ver toda a série “Iceland 66° Nord” composta por 13 episódios, onde poderão viver esta aventura na sua totalidade e descobrir este final com mais detalhes!
Pictures & Video credits: Black Market, Motorcycle Adventures Film Maker
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Instagram: Blk.mrkt
Web: www.blkmrkt.fr